sexta-feira, novembro 12, 2010
A nostálgica magia de Sylvain Chomet
A animação O MÁGICO, de Sylvain Chomet (As Bicicletas de Belleville) traz como protagonista um atrapalho ilusionista em suas desaventuradas apresentações pela Edinburgo. Seus traços e sua personalidade remetem diretamente ao seu autor, Jacques Tati. Isso por que o roteiro do filme é baseado em um dos últimos escritos pelo mestre da comédia visual francesa e foi revisado por Chomet. Apesar da premissa prometer uma sessão divertida (e ainda o é), O MÁGICO é uma melancólica homenagem ao criador da história, incluindo aí referências diretas ao seu cinema, e uma nostalgica lembrança da da magia que perdeu espaço quando as crianças se tornaram adultas precocemente. O protagonista é relegado a se apresentar em casamentos, teatros vazios e bares, conhecendo em um desses estabelecimentos a humilde garotinha Alice, que acaba fugindo com o mágico sem seu consentimento. Consciente de seu novo papal paterno, ele se dedica a trabalhar para sustentar os dois. O desenho belíssimo e o poder emocional arrasador fazem de O MÁGICO mais um pequeno clássico de Chomet/Tati.
O MÁGICO
de Sylvain Chomet França 2010
Visto em 01/11 no Cine Livraria Cultura 1
por Filipe Marcena
Cotação: ÓTIMO
A Jornada da Vênus Hotentote
Do diretor do maravilhoso O Segredo do Grão, Abdellatif Kechice, chega o tenso e emocionante VÊNUS NEGRA, a pouco conhecida história da africana Saartjes Baartman que se tornou popular na Europa ao encarnar a Vênus Hotentote, uma versão selvagem e caricatural de si mesma e de sua raça. As mulheres Hotentote eram conhecidas pela imensa bunda e pelo 'avental Hotentote', uma prolongação dos grandes lábios da vagina. Tratada como um animal durante as apresentações, Saartjes foi contratada por Hendrick Caesar (Andre Jacobs), que interpreta seu 'domador' e a paga com roupas, comida e dinheiro, mas não com dignidade e respeito. Exibido no último Festvial de Veneza, VÊNUS NEGRA é quase um épico com suas 2h40, produção cara e efeitos visuais discretos. Trata-se de um melodrama muito bem conduzido por Kechiche e seu fotógrafo Lubomir Bakchev, que não tem medo de enquadrar os momentos mais desumanos e degradantes pelos quais Saartjes é submetida. Mas o filme pertence mesmo à estreante Yahima Torres, a Saartjes, que atua, canta, dança e encara cenas difíceis com excelência. No elenco, Olivier Gourmet, também excelente.
VÊNUS NEGRA
de Abdellatif Kechiche França 2010
Visto em 31/10 no Arteplex 1
por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
Um filme insuportável, um final catártico
Durante toda a projeção de MINHA FELICIDADE, o espectador inevitavelmente se questiona a que ou a quem diabos o título se refere. Nas mais de duas horas de duração assistimos a Gergy, um pacato caminhoneiro, sofrer constantes guinadas e interferências de terceiros em sua vida, seguindo numa inércia sem ao menos lutar contra os adventos que vêm ao seu encontro. Numa narrativa contemplativa torturante, não pela lentidão, mas pelo que se passa em suas imagens, MINHA FELICIDADE aos poucos esgota o espectador ao observar Georgy passar pelas mãos de personagens como uma jovem prostituta, um velho sem nome, ladrões de caminhão, policiais corruptos e uma inesperada nova família numa Rússia hostil e violenta. Como cinema o filme é um primor, o diretor e roteirista Sergei Loznitsa realiza pequenos milagres em cena (o corte de uma cena violenta passada no verão para outra passada no inverno no mesmo plano é genial). É o que segura a audiência até o fim do filme, onde antigos personagens retornam e, nos segundos finais, a catarse é próxima da que acontece ao fim de À Prova de Morte, de Tarantino, e Loznitsa se faz entender. Uma das surpresas da 34ª Mostra.
MINHA FELICIDADE
de Sergei Loznitsa Ucrânia 2010
Visto em 31/10 na Reserva Cultural
por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
Atores brilham em filme russo premiado
COMO TERMINEI ESTE VERÃO é a prova viva de que a simplicidade quase sempre é a melhor opção. Dirigido pelo russo Aleksei Popogrebsky, o filme faturou o Urso de Prata de melhor ator, pela dupla de protagonistas, em Berlim este ano, e ainda levou um prêmio de contribuição cinematográfica pela soberba fotografia em RED Digital de Pavel Kostomarov. Ambos bastante merecidos, já que o filme trata basicamente das nuances do tempo e do psicológico de dois homens expostos á solidão.
O roteiro minimalista escrito pelo próprio Popogrebsky fala de dois geógrafos que trabalham numa isolada estação meteorológica num ponto desconhecido da Rússia. Um deles, Sergei, já tem anos de profissão e passa os dias quieto como se apenas esperasse o dia da morte para poder parar. O outro, Pavel, é muito jovem e parece recém saído da faculdade. Um dia, Pavel recebe uma notícia pelo rádio, e com medo das conseqüências, resolve esconder o fato de Sergei, desencadeando uma longa série de culpas e medos e é nesse ponto que o filme deixa um pouco a desejar. O terceiro ato, se mostra arrastado e aborrecido, um pouco pela incerteza do destino das personagens, um pouco por toda a falta de lógica da situação. Porém o final poético e seco traz de volta toda a sensação presente do início da projeção, e faz entender o porque do prêmio para os dois. É dos melhores filmes do ano, não tanto pelo resultado final, mas bastante pela intenção.
COMO TERMINEI ESTE VERÃO
de Aleksei Popogrebsky Rússia 2010
Visto 30/10 online
por Felipe Silva
MUITO BOM
quinta-feira, novembro 04, 2010
Encerramento Oficial da 34ª Mostra SP
Nessa quinta 04/11 temos o encerramento da 34ª Mostra SP. Aqui no blog você acompanha mais críticas que ainda publicaremos, dos filmes vistos de domingo 31/10 até aqui, considerando que a Mostra terá mais uma semana de reprises de alguns filmes. Esse ano a Mostra SP teve muitas sessões canceladas - acima da média dos últimos sete anos que acompanho a Mostra - e foi meio problemático organizar a programação diária. Por exemplo, um dia nos deslocamos para o Shopping Bourbon, que fica um pouco fora do circuito da Mostra, para só lá saber que o filme havia sido cancelado e substituído por outro que não nos interessava. Isso, numa cidade grande como São Paulo, significa uma tarde perdida, inclusive por ser quase impossível ver outro filme no horário, graças às sessões lotadas para os filmes mais disputados. Além disso, nessa era de projeção digital, tivemos sessões com projeção tosca, que mais parecia DVD com telão, no caso de CATERPILLAR e POESIA, dois filmes dos mais elogiados e concorridos. Ver a sessão de VÊNUS NEGRA, de Abdellatif Kechiche (A Esquiva, O Segredo do Grão) em projeção digital de altíssima qualidade serviu para fazer a comparação. Pior ainda foi o caso de CARLOS que, além da imagem de qualidade suspeita, foi exibido no formato errado, com a tela larga original espremida para o formato quadrado convencional. E não adiantou a reclamação de espectadores e imprensa nos intervalos. Assistir quase 6 horas de filme assim, o olho até acostuma com a 'magreza' geral dos atores, mas é imperdoável acontecer isso numa das melhores sessões dessa Mostra. Entre os filmes que ainda iremos comentar aqui, está o impressionante MINHA FELICIDADE, do ucraniano Sergei Loznitsa, uma das poucas sessões pertubadoras dessa Mostra, daquela que faz muitos espectadores abandonarem a sessão na metade, transtornados e incomodados. MINHA FELICIDADE estará na programação de longas da III Janela Internacional de Cinema do Recife, na próxima semana, a partir de 12 de novembro. Voltando à Mostra SP, entre os vários filmes cancelados de última hora está o que encerraria o evento, a comédia POTICHE de François Ozon. Para substitui-lo, a Mostra conseguiu uma cópia do aguardado A REDE SOCIAL de David Fincher, que só estreia no Brasil em dezembro. A sessão única, hoje às 20h, está concorridíssima e não sabemos ainda se conseguiremos ingressos. Vamos no final da tarde para a fila da Sala Cinemateca, nossa última chance de conseguir ingressos para essa sessão de encerramento.
Por Fernando Vasconcelos 04.11.2010
Palma de Ouro é fantasia tailandesa sobre karma
TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS, de Apichatpong Weerasethakul, é um filme misterioso. O cinema hipnótico do tailandês adentra o universo da fantasia nesse seu novo longa, vencedor da Palma de Ouro 2010. O Tio Boonmee do título é um senhor que sofre de insufuciência renal e que decide passar seus últimos dias numa casa na floresta junto com seu familiares. Durante um jantar, sua falecida mulher volta como uma fantasma, enquanto seu desaparecido filho retorna sob uma forma não-humana e amendrontadora. Durante o período, relembra suas vidas passadas e segue para o seu destino. Antes de qualquer coisa, TIO BOONMEE... é esteticamente primoroso. Apichatpong desenha imagens enigmáticas e surreais, como a priemira aparição do macaco-fantasma e a sequência com um bagre no rio. Fui tomado por uma agradável sensação de nostalgia ao assistir tais cenas, como se as figuras e lugares que permeiam o filme fizessem parte de um folclore pessoal de minha infância (ou vidas passadas?) mesmo eu nunca tendo escutado nada sobre eles, e isso é o que tornou a experiência tão fascinante. Ainda assim, senti que vários significados dessa história pareciam estar fechados a quem é mais entendido de conceitos religiosos e metafísicos do oriente. Apesar de tratar de temas como karma e a efemeridade do tempo, TIO BOONMEE... deixa a impressão de se encaixar melhor em outros contextos. Apesar de ter gostado menos que o único outro filme do Apichatpong 'Joe' Weerasethakul que assisti, o maravilhoso Síndromes e um Século, exibido na Mostra SP 2006, TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS impressionou.
TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS
de Apichatpong Weerasethakul Tailândia 2010
Visto em 30/10 no Arteplex 1
Por Filipe Marcena
Cotação: BOM
P.S. Fernando Vasconcelos: Assisti TIO BOONMEE... numa sessão lotada, começando a sessão em pé no corredor, onde conferi a estranha e inesquecível sequência do tranquilo jantar familiar com a presença da esposa morta e do filho macaco-fantasma. Depois desse início, consegui uma poltrona entre duas senhoras que já dormiam profundamente. Depois de quase 8 horas dentro do cinema (Em um Mundo Melhor e Carlos), tão tive saída: caí também no mais profundo sono e só acordei na sequência final. Uma pena, mas essas coisas acontecem em maratonas cinéfilas. Espero ter a chance de conseguir ingresso numa possível sessão reprise da semana pós-Mostra e, de fato, assistir a tão comentada Palma de Ouro em Cannes 2010.
quarta-feira, novembro 03, 2010
Eletrizante saga biográfica
Nem a absurda duração de 5 horas e meia, nem o descaso da projeção incorreta - que fez o formato largo original passar em tela estreita (como os faroestes que passam na TV com a imagem espremida) apesar de muitas reclamações durante dois rápidos intervalos - conseguiram tirar o brilho e o prazer em acompanhar a eletrizante minissérie CARLOS, do francês Olivier Assayas (Clean, Horas de Verão), um dos melhores cineastas atuais. Numa narrativa veloz que lembra O Grupo Baader-Meinhof, somos jogados logo de cara num turbilhão histórico de 1974 (que vai até 1994), a trajetória do mito terrorista Carlos, conhecido como O Chacal. Com atuação competente de Edgar Ramirez e todo um elenco internacional, o filme equilibra-se entre o registro dos fatos históricos e a intimidade pessoal (informada como ficção) do personagem, conhecido como um homem vaidoso, nascisista, mulherengo e carismático. O filme registra de forma clara e didática como o poder do indivíduo que idealizava uma revolução foi tragado pela História, no processo de globalização que diluiu a imagem romântica do terrorista, e transformou Carlos numa vítima de sua própria ambição. Quem diria que uma das grandes atrações dessa Mostra seria um filme feito para a TV?
CARLOS
de Olivier Assayas França/Alemanha 2010
Visto em 30/10 no Artplex 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: ÓTIMO
Melodrama correto e previsível
Eu admiro bastante o cinema da dinamarquesa Susanne Bier, que faz melodramas poderosos que poderiam estar numa novela das oito, não fosse o intenso registro humano e verdadeiro que Susanne imprime aos personagens e situações, sempre envolvendo tragédias e perdas pessoais, como em Corações Livres, Brothers (que teve remake americano) e Depois do Casamento (indicado ao Oscar de filme estrangeiro). Mas com esse novo EM UM MUNDO MELHOR, a coisa já começa a ficar repetitiva e, portanto, sem o mesmo impacto. Sem medo da fórmula 'cinema com mensagem', o filme conta a história de duas famílias desfeitas, uma por divórcio e a outra por viuvez precoce, que se unem em torno do relacionamento de seus filhos. São dois garotos, um tímido e passivo e o outro perturbado pela morte da mãe, vítima de cancêr. A amizade entre os dois levará ao extremo deles fabricarem uma bomba caseira, para explodir o automóvel de um sujeito que agrediu o pai de um deles, um médico pacifista, que trabalha num país africano devastado pela miséria. O roteiro é bem conduzido, apesar de previsível, e os atores são muito bons, especialmente os garotinhos. Mas não dá pra aturar quando se procura emocionar o espectador com imagens de crianças africanas em câmera lenta, em sequências tão clichês que parecem anuncis publicitários de ONGs. E, por favor, alguém desliga essa trilha sonora redundante?
EM UM MUNDO MELHOR
de Susanne Bier Dinamarca 2010
Visto em 30/10 no Reserva Cultural 1
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: REGULAR
Boneca japonesa melancólica
Depois de Seguindo em Frente, excelente filme visto ano passado na Mostra, o diretor japonês Hirokazu Kore-eda apresenta esse ano um filme completamente diferente, AIR DOLL. Inspirado num mangá, o filme é uma fantasia poética onde uma boneca inflável adquire alma. Ganhando vida quando seu dono não está em casa, ela consegue emprego numa videolocadora e apaixona-se pelo colega balconista. Mesmo sem buscar o realismo, Kore-eda atinge desconcertantes momentos de uma tristeza e melancolia cruéis, com um olho delicado para registrar a solidão das pessoas na cidade grande, tanto os que moram em kitinetes minúsculos quanto os que vivem em conjuntos residenciais de luxo gigantescos. Impressiona o trabalho corporal de Bae Doo-na, em especial nas simbólicas cenas sensuais em que ela 'sente' prazer ao ser esvaziada e enchida por uma válvula no umbigo. A trilha sonora graciosa contrasta com imagens que chegam a pertubar de tão desoladoras. Filme estranho, para público limitado, AIR DOLL é mais uma obra notável do cinema de Hirokazu Kore-eda.
AIL DOLL
de Hirokazu Kore-eda Japão 2009
Visto em 28/10 no Artplex 3
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: BOM
Cinema que não cabe na televisão
MISTÉRIOS DE LISBOA
de Raoul Ruiz Portugal 2010
Visto em 28/10 no Artplex 1
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: MUITO BOM
segunda-feira, novembro 01, 2010
O cinema dos hermanos
de Marcel Rasquin Venezuela 2010
Visto 28/10 no HSBC Belas Artes 2
por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
Donas-de-casa desesperadas
TRÊS QUINTAIS
de Eric Mendelsohn EUA 2010
Visto 28/10 no Arteplex 3
por Filipe Marcena
Cotação: REGULAR
sexta-feira, outubro 29, 2010
Era pra ser em 3D?
O OUTRO MUNDO
de Gilles Marchand França 2010
Visto em 27/10 no Cine Livraria Cultura 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: FRACO
A violenta Boston de Ben Affleck
ATRAÇÃO PERIGOSA
de Ben Affleck EUA 2010
Visto em 27/10 no Cine Livraria Cultura 1
Por Filipe Marcena
Cotação: BOM
Melodrama como só italianos sabem fazer
Na longa tradição do melodrama no cinema italiano, com base no neorrealismo, dá gosto ver um filme que tem elementos que poderiam estar numa telenovela mas, seja pelo olhar humano que faz seus personagens terem traços de gente de verdade ou pela qualidade do roteiro que te leva às lágrimas com dignidade, sem golpes baixos, NOSSA VIDA é mais um belo filme de Daniele Luchetti, depois do bem bom Meu Irmão é Filho Único, exibido comercialmente no Brasil. Em comum nos dois filmes, temos o protagonista Claudio, vivido pelo excelente jovem ator Elio Germani, premiado como melhor ator no último Festival de Cannes por esse filme. Ele é Claudio, mestre de obra nos subúrbios de Roma, se virando como pode para sustentar a esposa e os filhos, trabalhando informalmente, num personagem que poderia muito bem ser brasileiro. Logo no início do filme, ele é testemunha do 'enterro' de um operário imigrante romeno sob o cimento de uma grande obra e sofre pelo dilema ético e moral de calar-se diante do fato. Um acontecimemto trágico com sua família o colocará numa situação crítica, sentimental e financeira, onde o apoio dos irmãos e o amor pelos seus filhos o ajudarão a superar as dificuldades. Ainda, o filho do operário morto entrará na sua vida, tornando-se seu empregado no canteiro de obras. Não é um caminho fácil o de Claudio, e lágrimas serão inevitáveis na tela e na plateia. E fica sempre a pergunta de cinéfilo: porque o Brasil não consegue fazer filmes assim?
NOSSA VIDA
de Danielle Luchetti Italia 2010
Visto em 27/10 no Artplex 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: BOM
Reilly, Hill e Tomei em ótimo indie
O tocante CYRUS faz parte do movimento 'mumblecore', gerado no cinema independente americano. O Dia da Transa, de Lynn Shelton, exibido na Mostra do ano passado, faz parte desse grupo. Não por acaso, aquele filme era protagonizado por Mark Duplass, codiretor de CYRUS com seu irmão Jay Duplass. Lançado comercialmente nos Estado Unidos com algum sucesso, é um raro filme indie onde a estética B naturalista apenas pela estética não é sua razão de existência, mas sim contar bem uma história. E o filme nem tem uma história das mais originais: John (John C. Reilly) é um zero à esquerda cuja ex-mulher (Catherine Keener) está prestes a se casar novamente. Após ser convencido por ela a ir a uma festa, John conhece a deslumbrante Molly (Marisa Tomei), com quem imediatamente inicia um namoro, mesmo com a insistência de Molly em não levar o relacionamento para fora da casa de John. Um dia, após segui-la até sua casa, ele descobre o motivo, e o nome dele é Cyrus (Jonah Hill, de Superbad), o perturbado e ciumento filho de 21 anos de Molly. Apesar de se tratar de uma comédia, o filme jamais tira os pés do chão só para fazer graça. O filme tem surpreendente profundidade e propriedade ao tratar um tema tão delicado, os diálogos realistas são impecáveis. Na verdade, CYRUS só pode ser considerado uma comédia porque John C. Reilly é muito engraçado, pois enquanto Marisa Tomei fica com a personagem mais dramática do filme, é o excelente Jonah Hill que aponta o filme na direção do suspense, e faz de Cyrus uma criatura tanto assustadora quanto incrivelmente real. Nunca vi uma relação padrasto/enteado ser exposta de maneira tão crua e honesta num filme, e por essa surpresa e pelos brilhantes elenco e roteiro, CYRUS já se torna um dos melhores exibidos na 34ª Mostra.
CYRUS
de Mark e Jay Duplass EUA 2010
Visto em 27/10 no Artplex 3
por Filipe Marcena
Cotação: ÓTIMO
quinta-feira, outubro 28, 2010
Triângulo amoroso retrô-futurista
NÃO ME ABANDONE JAMAIS é o segundo filme do popular diretor de videoclipes Mark Romanek (de Retratos de Uma Obsessão), baseado no livro de Kazuo Ishiguro. Produção inglesa requintada, fotografia belíssima e discreta e um elenco jovem talentoso são as maiores qualidades desse filme que já chega com cheiro de Oscar. Numa versão alternativa dos anos 60, onde clones são criados para a doação de órgãos e não tem direito a outra alternativa a não ser estudar em escolas/presídios e esperar sua vez quando adultos, a menina Kathy se apaixona por Tommy, que retrubui o sentimento, mas a troca por sua amiga Ruth sem maiores explicações. Quando jovens crescidos, Kathy (Carey Mulligan) ainda não superou seu amor por Tommy (Andrew Garfield) e mantem uma relacionamento complicado com Ruth (Keira Knightley). Quando as datas para as doações de seu órgãos se aproximam, o trio começa a desatar os laços do passado. NÃO ME ABANDONE JAMAIS acerta em tudo o que é relacionado ao visual, dos figurinos e interessante direção de arte à escolha do elenco. Narrativamente o filme é bastante enxuto, embora extremamente literário. O grande equívoco está na trilha sonora de Rachel Portman, excessivamente dramática e invasiva, comprometendo o resultado final de maneira quase que irreparável. Romanek economiza no dramalhão nas imagens enquanto a música contradiz tudo com suas notas épicas e melosas. Felizmente, Mulligan, Knightley, Sally Hawkins como uma professora, Charlotte Rampling como a diretora e especialmente o excelente Andrew Garfield (de O Mundo Imáginário do Dr. Parnassus e o próximo Homem-Aranha) coordenam as emoções de forma mais orgânica. A performance do rapaz, por sinal, é o que o filme tem de melhor. Em breve ele estreará em A Rede Social de David Fincher, vale aguardar seus futuros trabalhos.
NÃO ME ABANDONE JAMAIS
de Mark Romanek Reino Unido 2010
Visto em 27/10 no Cinesec
por Filipe Marcena
Cotação: BOM
Eu menti pra você
Se você ainda não sabe quem é Banksy, recomendo uma visita no Google e Wikipedia. Um dos artistas de 'street art' mais provocantes da cultura pop underground contemporânea, tendo como obra mais polêmica as grafitagens que fez no muro que separa Israel da Palestina. o britânico Banski estreia no cinema de forma não menos que genial. No formato tão atual de falso-dodumentário, o filme nos apresenta a uma versão artista gráfico de Borat, o bizarro personagem Thierry Guetta, um imigrante francês em Los Angeles que vive de vender roupas fashion num brechó, para os ávidos consumidores moderninhos e alternativos de LA. Thierry encanta-se com uma câmera de vídeo, conhece alguns artistas gráficos reais, o próprio Banksy (encapuzado e com a voz distorcida) e Shepard Farey (criador do ícone Obama), e registra suas ações em horas e horas de vídeo. Guetta edita o material como um filme desastroso sobre a 'street art' e é orientado por Banksy e Farey a tentar ele próprio tornar-se um artista. O que se segue é uma das mais ácidas e engraçadas críticas à indústria de consumo de arte moderna, quando Guetta assume o codinome de Mr. Brainwash e monta uma mega-exposição de sucesso em LA, cujas obras são um pastiche de todas as fórmulas de 'arte underground' e onde Banksy, o diretor, desconstrói diante do espectador os conceitos de Arte e do próprio documentário. Como bem falou um crítico norte-americano, o único motivo para EXIT THROUGH THE GIFT SHOP não ganhar o Oscar 2011 de melhor documentário é o fato de que é (quase) tudo uma grande mentira. Se não for lançado comercialmente no Brasil, o filme promete ser um enorme sucesso via download na internet.
EXIT THROUGH THE GIFT SHOP
de Banksy EUA/Inglaterra 2010
Visto 26/10 no HSBC Belas Artes 2
por Fernando Vasconcelos
Cotação: ÓTIMO
Francesinha selvagem
Lily (Ludivine Sagnier) é uma jovem que sofre de uma condição mental. Sua persona se equilibra entre um animal forte que sabe se defender, uma mulher sensual e livre e uma criança inocente e pueril. Quando sua mãe morre, Lily passa a ter que conviver com sua irmã Clara (Diane Kruger, de Bastasdos Inglórios) e seu marido. A espontaneidade e o espírito de liberdade física e moral de Lily entra em choque com a frieza e o moralismo de Clara, e serão precisos muitos percalços pelo caminho até que as duas cheguem num consenso sobre como seguirem suas vidas. LILY SOMETIMES, ou 'Pés Descalços Sobre Lesmas' no título original francês, é um drama familiar exótico, sensual e divertido. A diretora Fabienne Berthaud constrói o filme baseado no espírito de sua protagonista, uma selvageria delicada e desinibida, transformando-o quase num palco para a exibição do talento de Ludivine Sagnier, no tom perfeito da personagem, e de Diane Kruger, também ótima. É um daqueles poucos filmes sobre mulheres fortes que não se resumem a exaltar um feminismo babaca, e sim um humanismo tocante e desafiador. É impossível não se deliciar com as tiradas e situaçõs que a riponga doidinha Lily apronta, especialmente quanto ao sexo e amor livre. Apesar do final um tanto exagerado no açúcar, LILY SOMETIMES encanta o espectador.
LILY SOMETIMES (PIEDS NUS SUR LES LIMACES)
de Fabienne Berthaud França 2010
Visto 26/10 no Frei Caneca Arteplex 2
por Filipe Marcena
Cotação: BOM
terça-feira, outubro 26, 2010
O mundo de Sofia
O Leão de Ouro conquistado por Sofia Coppola com UM LUGAR QUALQUER já provocou reações preconceituosas de que ela foi premiada pelo sobrenome ou pela influência de Quentin Tarantino no júri do festival. Não é justo. A jovem cineasta americana, 39 anos, tem um trabalho sólido em seus três longas anteriores (Virgens Suicidas, Encontros e Desencontros, Maria Antonieta) e firma-se como uma das cineastas mais interessantes do cinema contemporâneo. Com um cinema muito pessoal, Sofia retoma a vida de celebridades em hotéis, clara referência à sua infância e adolescência ao lado do pai Francis Ford Coppola. No filme, o ator Johnny Marco (Depp?) passa os dias chapado ou entediado no famoso hotel Chateau Marmont em Los Angeles, entre loiras, bebida, antidepressivos e coletivas de imprensa para lançamento de seus 'filmes de multiplex'. A rotina muda um pouco quando ele é obrigado a ficar uma temporada com sua filha de um casamento falido. Com poucos diálogos, câmera discreta que quase não se movimenta (com exceção de zooms belíssimos), Sofia faz um típico pequeno grande filme, dá uma oportunidade única para um ator até agora apenas mais um rosto bonitinho de Hollywood (Stephen Dorff) e faz Elle Fanning (11 anos, irmã de Dakota) brilhar, com grandes chances de sair indicada ao Oscar de coadjuvante ano que vem. Apesar de não escapar de alguns clichês indies (tanto Dorff quanto Fannig têm seus momentos intimistas previsíveis, a 'cena de choro' para o telão do Oscar), Sofia realiza o filme menos comercial e mais pessoal de sua carreira e, sem a pretensão, realiza uma espécie de A Doce Vida comtemporâneo. Uma das melhores sessões dessa Mostra SP.
UM LUGAR QUALQUER
de Sofia Coppola EUA 2010
Visto em 25/10 no Cine Unibanco Pompeia 1
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: MUITO BOM
Kiarostami carimbado para exportação
O diretor iraniano Abbas Kiarostami já faz parte da história da Mostra SP, com quase todos seus ótimos filmes da época que o cinema iraniano virou moda entre cinéfilos brasileiros (Onde Fica a Casa do Meu AMigo?, Close Up, Através das Oliveiras, Gosto da Cereja, O Vento nos Levará) exibidos comercialmente aqui. Seu mais novo filme é uma coprodução França/Itália/Irã com status de 'filme de arte para consumidores letrados', a começar pela presença da atriz Julliete Binoche, que já garante exibição no circuito comercial alternativo. Com estrutura um tanto artificial, CÓPIA FIEL mostra o encontro entre um escritor inglês e uma francesa dona de uma galeria de arte. Em sofisticados e longos planos-sequência, os dois discutem sobre arte original e cópias, tema do livro do escritor, enquanto revela-se que eles representam um casal separado em crise. Me veio à memória o clássico de Rossellini Viagem à Itália e o recente Antes do Pôr-do-Sol de Richard Linklater. O filme rendeu o prêmio de melhor atriz em Cannes esse ano, no que me parece mera formalidade em carimbar a produção com um selo de qualidade. É um filme bem realizado, com boas atuações, mas em última análise, não me emocionou em nenhum momento.
CÓPIA FIEL
de Abbas Kiarostami França/Irã 2010
Visto em 25/10 no Cine Livraria Cultura 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: REGULAR
Neve bem filmada
NORTE é um filme norueguês que parece não se esforçar para chegar muito longe, diferente de sua personagem título. Ambientada no gelado interior do país, a história segue Jomar, um rapaz que sofre de síndrome do pânico, mas é obrigado a lutar contra a doença ao descobrir que tem um filho morando em outra cidade. Ele empreende uma pequena jornada em seu trenó motorizado através do longo deserto gelado, e como em todo road movie, topa com algumas figuras estranhas. Os coadjuvante proporcionam os melhores momentos do longa, que demonstra aí sua maior falha. Tendo apenas 78 minutos de duração, a narrativa não oferece tempo para o público se aproximar da condição do protagonista e criar alguma empatia com ele. Além disso, os encontros acabam sendo acelerados demais, e boas histórias ficam desperdiçadas. Mesmo assim, NORTE é bem realizado, e tem uma das direções de fotografia mais bonitas que já pude ver em filmes que tem a neve como cenário.
NORTE
de Rune Denstad Langlo Noruega 2009
Visto em 25/10 on-line
Por Felipe Silva
Cotação: BOM
The Complete METROPOLIS
Mais uma sessão especial, essa talvez a mais importante dessa Mostra. Recuperada num trabalho árduo de restauração, a nova versão de METROPOLIS está agora com 2 horas e 25 minutos de duração, bem próxima do original que Fritz Lang realizou em 1927. Os minutos perdidos e inéditos foram encontrados em negativos 16 mm em Buenos Aires. Obra-prima do cinema mudo de ficção científica, METROPOLIS influenciou toda a estética do gênero, sendo até o robô C-3PO de Guerra nas Estrelas uma óbvia referência ao robô Maria do filme. Ainda, a influência estética pode ser vista na cidade futurista de Blade Runner. A sessão única de METROPOLIS aconteceu no Parque do Ibirapuera ao ar livre na noite de domingo e tornou-se mais especial e inesquecível pelo acompanhamento musical impecável da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, executando a partitura original escrita para acompanhar o filme. Essa sessão de cinema eu nunca mais vou esquecer na vida.
METROPOLIS
de Fritz Lang Alemanha 1927
Visto dia 24/10 no Parque do Ibirapuera
Por Fernando Vasconcelos
Simpática neurose neo-liberal
Em SENTIMENTO DE CULPA, Catherine Keener interpreta Kate, uma rica e bela novaiorquina de meia idade, proprietária de um antiquário com o marido (Oliver Platt). Dentre suas várias preocupações, estão sua filha adolescente em crise, o desgaste de seu relacionamento com o marido, sua vizinha idosa Andra (a ótima Ann Morgan Guilbert) uma senhora mal humorada que mora com duas netas (Rebecca Hall e Amanda Peet) e cujo o apartamento será comprado por Kate, e, é claro, o sentimento de culpa pela pobreza e miséria da humanidade. Num cinema que usa e abusa de um texto veloz como o de um sitcom, SENTIMENTO DE CULPA (Please Give no original) é mais um trabalho sobre a influência do dinheiro e do poder nas relações humanas vindo da diretora e roteirista Nicole Holofcener (Amigas com Dinheiro) e sua quarta parceria com Keener. Cru e direto, o filme traz um texto afiado e pé-no-chão, uma raridade no cinema indie afetado americano recente. Em outros filmes, cenas como a do voluntariado e a da limpeza de pele na filha de Kate tedem a se apoiar no melodrama, e não na sobriedade como em SENTIMENTO DE CULPA. Os atores são um melhor que o outro, Peet rouba alguma cenas com sua performance ácida e Keener mostra porque é uma das melhores atrizes americanas na atualizade, além de ser linda no alto de seus mais de 50 anos. Prejudicado apenas por uma trilha sonora um tanto apelativa, o filme é uma agradável surpresa e uma divertida reflexão sobre a suposta cruz que temos que carregar.
SENTIMENTO DE CULPA
de Nicole Holofcener EUA 2010
Visto dia 23/10 no Unibanco Arteplex 3
Por Filipe Marcena
Cotação: BOM
Centenário de Akira Kurosawa
Dentro de várias sessões especiais dentro da 34ª Mostra SP está a comemoração dos 100 anos de Akira Kurosawa (1910-1998), com uma imperdível exposição de 80 gravuras originais do mestre japonês, com estudos e storyboards de seus filmes, no Instituto Tomie Ohtake, com entrada franca, e a bela sessão que vimos de RASHOMON (1950), um dos grandes clássicos de Kurosawa, com um roteiro pioneiro em contar várias versões da mesma história de um crime e um estupro, narradas em flashback por testemunhas do julgamento, incluindo depoimento do próprio morto. Apresentada pela colaboradora de Kurosawa por 50 anos, Teruyo Nogami, a sessão lotada na Sala Cinemateca foi emocionante, além de ser uma oportunidade raríssima de ver numa tela de cinema uma cópia em 35 mm perfeitamente restaurada.
RASHOMON
de Akira Kurosawa Japão 1950
Visto dia 23/10 na Sala Cinemateca
Por Fernando Vasconcelos
segunda-feira, outubro 25, 2010
Suicídio filmado na Índia
Na cidade de Peepli, na Índia, Natha vive em péssimas condições com seu irmão Budhia, mulher e sogra. Quando a fazenda da família é ameaça ser tomada, Budhia acaba convencendo Natha a cometer suicídio, por causa de um programa indiano onde a indenização chega a 100 mil rúpias para a família do fazendeiro falecido. É uma prática comum, mas quando o tímido Natha anuncia seu suicídio, a história toma proporções impensadas: a imprensa e mídia descobrem o caso, o governo interfere, os poderosos locais ficam escandalizados e Peepli é invadida por câmeras e jornalistas interesseiros. Nada que já não tenha sido visto em muitas comédias sobre manipulações midiáticas, PEEPLI AO VIVO segue um tanto previsível, mas sempre com uma festa para os olhos em cores e sons como esperado dos filmes de Bollywood. Vale notar que este filme indiano não é um musical. Levado em tom leve de comédia, há um tom de desencanto ao final nada feliz, mas ainda descartável em sua pretensão de denúncia social, no destino que o filme dá ao protagonista, que remete bastante às condições de vida do povo brasileiro subempregado nas metrópoles. Vale pelas canções da trilha sonora e pelo carisma dos atores.
PEEPLI AO VIVO
de Anusha Rizvi Índia 2010
Visto dia 23/10 no Cine Livraria Cultura 2
por Filipe Marcena
Cotação: REGULAR
O estranho cinema de Manoel
Uau, uau! O que dizer de um cineasta com mais de 100 anos de idade, filmando uma média de um filme por ano e com uma vitalidade mais contagiante que muitos cineastas jovens contemporâneos? Bravo, Manoel! Depois do belíssimo Singularidades de uma Rapariga Loira, visto na Mostra ano passado e ainda inédito comercialmente no Brasil, temos outra pequena pérola de um cinema que parece suspenso em outro nível de realidade, operando primordialmente com a 'mágica' de fazer cinema, com direito a efeitos especiais poéticos, em referência aos efeitos especiais do cinema mudo do começo do século passado, aliás, vividos por Manoel, que era criança então. O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA é um filme sobre a imagem e sobre a vida. Não é pouco. temos um jovem fotógrafo convidado no meio da madrugada para fazer uma foto da bela Angélica. Na hora que faz a foto no velório, através do visor da câmera, Angélica sorri para ele. Contar mais tira o encanto do filme. A obsessão do rapaz pela imagem de Angélica levará a belos momentos fantásticos, sobre a alma, o corpo, a beleza humana. Filme para degustar, admirar e não discutir. Arte plena. Para completar a beleza da sessão, o curta PAINÉIS DE SÃO VICENTE DE FORA, VISÃO POÉTICA, uma reflexão analisando detalhes e significados do quadro que dá título ao curta, obra do século 16 do pintor Nuno Gonçalves, uma das mais célebres e misteriosas pinturas da história da arte de Portugal.
O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA
de Manoel de Oliveira Portugal 2010
Visto dia 23/10 no Cine Livraria Cultura 2
por Fernando Vasconcelos
Cotação: MUITO BOM
Paranormalidade repetitiva
ATIVIDADE PARANORMAL 2
de Tod Williams EUA 2010
Visto dia 22/10 no multiplex PlayArte Bristol 6
por Fernando Vasconcelos
Cotação: REGULAR
Amalric expõe decadência com sensibidade
TURNÊ
de Mathieu Amalric França 2010
Visto dia 22/10 na Reserva Cultural
por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
domingo, outubro 24, 2010
Um garoto que ouvia The Cure
O HOMEM QUE AMAVA YNGVE
Noruega 2008 1h39min
Visto em 22/10 on-line
Por Felipe Silva
Cotação: BOM
As coisas simples da vida
POESIA
Coreia do Sul 2010 2h20min
Visto em 22/10 no Reserva Cultural
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: MUITO BOM
Sexta-feira 22 de outubro - O Começo
Metrô SP, 2046, Wong Kar-wai, Mostra SP
sábado, outubro 16, 2010
Mostra SP 2010
> Próxima sexta-feira 22 de outubro começa a maratona cinematográfica na cidade de São Paulo com a 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O Kinemail estará lá, cobrindo o máximo possível dos mais de 400 filmes em exibição nas mais de 20 salas participantes. Esse ano a Mostra traz retrospectiva do diretor francês F. G. Ossang, do armênio Serge Avedikian, faz homenagens a Bent Hamer, à atriz alemâ Hanna Schygulla e exposições com fotos de Wim Wenders e storyboards originais de Akira Kurosawa. A 34ª Mostra SP tem dois cartazes oficiais, assinados por Wim Wenders e Akira Kurosawa.
Na programação, ainda incompleta, alguns filmes que prometem lotar as concorridas sessões. Manoel de Olivera e O Estranho Caso de Angélica abrem a festa. Sofia Coppola apresenta o vencedor do Leão de Ouro em Veneza, Um Lugar Qualquer, enquanto Apichatpong Weerasethakul (acertei?) traz a Palma de Ouro 2010, Tio Boome, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas. Entre outros vencedores de Cannes estão Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami, vencedor do prêmio de melhor atriz para Juliette Binoche, o melhor diretor Mathieu Amalric e seu Turnê, e Poesia, de Chang-dong Lee, vencedor de melhor roteiro. O documentário Exit Through The Gift Shop traz a versão cinematográfica do genial artista plástico Banksy, equanto a ficção Gainsbourg – Vida Heróica cinebiografa as aventuras de Serge. Da Índia, Peepli Live e Udaan são as aguardadas atrações. Já Hollywood vem com Atração Perigosa, elogiado segundo filme do agora diretor Ben Affleck, Você Vai Conhecer O Homem de Seus Sonhos de Woody Allen, Machete de Robert Rodriguez, e os indies Cyrus, dos irmãos Duplass, Minhas Mães e Meu Pai, de Lisa Cholodenko, e Sentimento de Culpa, de Nicole Holofcener.
Os ingleses A Última Estação (indicado a dois Oscar) e Não Me Abandone Jamais, de Mark Romanek, já chegam calibrados, assim como os franceses MicMacs (Jean-Pierre Jeuneut), Potiche (François Ozon), Os Amores Imaginários (Xavier Dolan) e Socialismo de Godard. A animação O Mágico, de Sylvain Chomet, deve criar longas filas. Des Homme et de Dieux (Xavier Beuvois), Caterpillar (Koji Wakamatsu), My Joy (Serguei Loznitsa), A Nossa Vida (Danielle Lucheti), A Árvore (Julie Bertucelli) e The Housemaid (Sang-soo Im) devem atrair os cinéfilos antenados nos festivais. Do Brasil, Bróder de Jefferson De, A Suprema Felicidade de Arnaldo Jabor, e Lope de Andrucha Waddington, são as principais atrações até agora. Pernambuco está representado pelo documentário Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro. Alguns títulos ausentes dessa pré-lista foram sentidos, como os que foram exibidos no FestRio (O Assassino Dentro de Mim de Michael Winterbottom, A Vida Durante a Gurerra de Todd Solondz, Um Homem Misterioso de Anton Corbjin, Carancho de Pablo Trapero, Scott Pilgrim Contra O Mundo de Edgar Wright) e que logo devem ser confirmados, assim como outros filmes aguardados e que podem ter sua estreia oficial no Brasil durante a Mostra (A Rede Social de David Fincher, Fair Game de Doug Liman, Another Year de Mike Leigh, Tamara Drewe de Stephen Frears, Winter’s Bone de Debra Granik, melhor filme em Sundance, e Black Swan de Darren Aronofsky).
Confira os filmes confirmados e outras informações no site oficial da Mostra. Leia em http://www.mostra.org/
E acompanhe nossa cobertura com notícias e críticas aqui, a partir de sexta-feira 22.