sexta-feira, outubro 29, 2010

Reilly, Hill e Tomei em ótimo indie


O tocante CYRUS faz parte do movimento 'mumblecore', gerado no cinema independente americano. O Dia da Transa, de Lynn Shelton, exibido na Mostra do ano passado, faz parte desse grupo. Não por acaso, aquele filme era protagonizado por Mark Duplass, codiretor de CYRUS com seu irmão Jay Duplass. Lançado comercialmente nos Estado Unidos com algum sucesso, é um raro filme indie onde a estética B naturalista apenas pela estética não é sua razão de existência, mas sim contar bem uma história. E o filme nem tem uma história das mais originais: John (John C. Reilly) é um zero à esquerda cuja ex-mulher (Catherine Keener) está prestes a se casar novamente. Após ser convencido por ela a ir a uma festa, John conhece a deslumbrante Molly (Marisa Tomei), com quem imediatamente inicia um namoro, mesmo com a insistência de Molly em não levar o relacionamento para fora da casa de John. Um dia, após segui-la até sua casa, ele descobre o motivo, e o nome dele é Cyrus (Jonah Hill, de Superbad), o perturbado e ciumento filho de 21 anos de Molly. Apesar de se tratar de uma comédia, o filme jamais tira os pés do chão só para fazer graça. O filme tem surpreendente profundidade e propriedade ao tratar um tema tão delicado, os diálogos realistas são impecáveis. Na verdade, CYRUS só pode ser considerado uma comédia porque John C. Reilly é muito engraçado, pois enquanto Marisa Tomei fica com a personagem mais dramática do filme, é o excelente Jonah Hill que aponta o filme na direção do suspense, e faz de Cyrus uma criatura tanto assustadora quanto incrivelmente real. Nunca vi uma relação padrasto/enteado ser exposta de maneira tão crua e honesta num filme, e por essa surpresa e pelos brilhantes elenco e roteiro, CYRUS já se torna um dos melhores exibidos na 34ª Mostra.

CYRUS
de Mark e Jay Duplass EUA 2010
Visto em 27/10 no Artplex 3
por Filipe Marcena
Cotação: ÓTIMO

Um comentário:

Heber Costa disse...

Estou assistindo (com atraso, é verdade) à maioria dos filmes que vocês comentaram aqui no blog do Kinemail. Este Cyrus foi realmente uma ótima experiência. Gostei muito do filme. Com uma estética simples e despretensiosa, consegue tratar de temas e personagens complexos. Isso é que se pode chamar de maximização do fazer cinema.