sexta-feira, outubro 29, 2010

Melodrama como só italianos sabem fazer


Na longa tradição do melodrama no cinema italiano, com base no neorrealismo, dá gosto ver um filme que tem elementos que poderiam estar numa telenovela mas, seja pelo olhar humano que faz seus personagens terem traços de gente de verdade ou pela qualidade do roteiro que te leva às lágrimas com dignidade, sem golpes baixos, NOSSA VIDA é mais um belo filme de Daniele Luchetti, depois do bem bom Meu Irmão é Filho Único, exibido comercialmente no Brasil. Em comum nos dois filmes, temos o protagonista Claudio, vivido pelo excelente jovem ator Elio Germani, premiado como melhor ator no último Festival de Cannes por esse filme. Ele é Claudio, mestre de obra nos subúrbios de Roma, se virando como pode para sustentar a esposa e os filhos, trabalhando informalmente, num personagem que poderia muito bem ser brasileiro. Logo no início do filme, ele é testemunha do 'enterro' de um operário imigrante romeno sob o cimento de uma grande obra e sofre pelo dilema ético e moral de calar-se diante do fato. Um acontecimemto trágico com sua família o colocará numa situação crítica, sentimental e financeira, onde o apoio dos irmãos e o amor pelos seus filhos o ajudarão a superar as dificuldades. Ainda, o filho do operário morto entrará na sua vida, tornando-se seu empregado no canteiro de obras. Não é um caminho fácil o de Claudio, e lágrimas serão inevitáveis na tela e na plateia. E fica sempre a pergunta de cinéfilo: porque o Brasil não consegue fazer filmes assim?

NOSSA VIDA
de Danielle Luchetti Italia 2010
Visto em 27/10 no Artplex 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: BOM

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