sexta-feira, setembro 29, 2006

O novo mundo de Emanuele Crialese


MUNDO NOVO

Dirigido pelo italiano Emanuele Crialese (do excelente Respiro), Mundo Novo (Nuovomondo, 2006) foi uma das primeiras grandes surpresas desse Festival do Rio. Apesar de ter ganho o Leão de Prata de revelação no Festival de Veneza 2006, o filme chegou ao Rio meio na surdina, sem chamar muita atenção (assisti numa sessão no imenso Cine Palácio, praticamente vazio). Uma injustiça para o belo filme de Crialese, que acompanha a trajetória de Salvatore Mancuso, um siciliano que parte com a família rumo ao Novo Mundo, a América, no início do século passado. Para Mancuso, a terra a ser desbravada representa um sonho com recursos em abundância e prosperidade, recompensas que o esperariam ao final do caminho. Na imaginação do protagonista, a nova terra tem rios de leite, vegetais gigantes e árvores de dinheiro.

A viagem significa não apenas uma mudança de vida mas de paradigmas para a família siciliana, representantes do “mundo antigo”, como explica a matriarca. São homens que trazem superstições e hábitos que não terão lugar na terra de chegada, onde são valorizados homens com capacidade produtiva física e intelectual, características que serão atestadas no momento da chegada, não com pouca humilhação. História que pertence a um passado recente e que se repete nos dias de hoje, o que torna o filme deveras moderno. Assim, Criasele recupera a estrada percorrida por milhares de italianos que imigraram para o novo continente no início do século passado, numa viagem mostrada por meio de imagens impressionantes, filmadas com muita originalidade. Cenas como a saída da embarcação do porto, vista de cima, ou as seqüências do navio jogando com mares de corpos sendo arremessados de um lado para o outro são extremamente impactantes. O trunfo de Crialese é explorar com eficiência e criatividade instrumentos básicos de cinema, como construção de plano, uso de câmera lenta, som e montagem.

Frieza radical de Claude Chabrol

A COMÉDIA DO PODER

Ao longo dos últimos anos, Claude Chabrol vem exercitando um cinema muito próprio, com filmes que percorrem temas absolutamente diversos mas que compartilham um estilo muito característico de filmar do cineasta. Ao mesmo tempo em que isso serve para se constatar uma assinatura autoral muito forte do diretor, serve também para se questionar certas opções tomadas pelo cineasta anteriormente e repetidas mais uma vez nesse novo filme. A Cómedia do Poder (L´Ivresse du Pouvoir, 2006), seu último trabalho, parece preencher uma seqüência lógica construída com Negócios à Parte, A Teia de Chocolate, A Dama de Honra e A Flor do Mal, todos filmes de gênero, realizados com muita personalidade pelo autor e que atende ao raciocínio firmado acima.

Dessa vez, Chabrol realiza um “filme de tribunal”, mas a anos-luz de distância da fórmula hollywoodiana de se filmar o trabalho de uma investigação judicial. O cineasta foi buscar como mote um escândalo financeiro real, acontecido na França nos anos 90. Sua protagonista é a juíza Jeanne Charmant-Killman (Isabelle Huppert, num dos papéis mais frios de sua carreira, o que quer dizer, gélido), encarregada de investigar o trânsito de verbas envolvendo uma estatal francesa. Obcecada com o trabalho, abandona sua vida pessoal, tendo como válvula de escape apenas um sobrinho do marido, com quem compartilha uma estranha cumplicidade.

As opções tomadas por Chabrol para conduzir a investigação levam o filme a uma insipidez e frieza tremendas. Ao mesmo tempo em que acompanha as investigações, colocando a juíza como pólo íntegro num universo que se mostra cada vez mais corrupto e desonesto, o filme observa a desintegração da vida pessoal da magistrada sem nenhuma emoção. Faz isso colocando o peso do filme nas costas da protagonista absolutamente antipática, interpretada por uma Huppert extrapolando o estereotipo da francesa fria, dura e calculista, que vem sendo sua especialidade. Filmado com muita precisão, sem poupar os espectadores de detalhes mínimos das investigações e manobras financeiras levantadas no caso, A Cómedia do Poder é um filme de ritmo peculiarmente lento, que parece compartilhar da dureza e com que sua protagonista trata o trabalho e a vida, sendo esse, o seu calcanhar de Aquiles. Ter como opção retratar uma juíza impassível não parece ser um problema de partida, mas assumir a fleuma da personagem para a sua forma é sim uma questão de chegada.

terça-feira, setembro 26, 2006

Atriz pernambucana Hermila Guedes brilha no excelente O Céu de Suely


O CÉU DE SUELY

É apenas o segundo longa-metragem de Karim Ainouz, mas já é suficiente para firmá-lo como um dos cineastas mais interessantes em atividade no Brasil. O Céu de Suely, novo trabalho do cearense apresentado no Festival do Rio, é uma pequena obra de arte, com raízes fincadas no Brasil mas com janela aberta pro mundo. É assim porque, apesar de tratar de um drama bastante brasileiro, com personagens mais nordestinos do que qualquer outra coisa, fala de dramas universais, vividos por seres humanos que não se definem pelo lugar de onde vêm, mas pelos desejos de libertação e de felicidade que não podem encontrar onde estão. É um desejo de juventude, com esperanças calejadas pela dura realidade econômica que marca o sertão do Brasil, mas exacerbadas pela força de vontade da personagem principal.

O filme começa com Hermila (a pernambucana Hermila Guedes, que teve um pequeno papel em Cinema, Aspirinas e Urubus, fortíssima agora em seu primeiro papel como protagonista) voltando de São Paulo para a cidade de Iguatu, no interior do Ceará. Volta com um filho nos braços para a casa da avó, para esperar o namorado com quem havia fugido anos antes. Durante a espera, vende rifas de Whisky para tentar levantar algum dinheiro. Logo percebe que o namorado não vai voltar e que não vai conseguir permanecer muito tempo por lá, muito menos viver de pequenos sorteios. Assim, Ainouz acompanha o drama da jovem, presa à cidade natal, mas com desejos de desbravar o mundo para tentar a própria sorte e buscar uma vida melhor. A solução que encontra para comprar novamente seu bilhete apenas de ida é rifar a última coisa que lhe resta, seu corpo.

Lindamente filmado, O Céu de Suely tem fotografia assinada por Walter Carvalho, repetindo a parceria de Madame Satã com Ainouz. O estilo também lembra o do filme anterior do diretor, com câmera solta, que acompanha de perto os personagens e aparentemente utiliza muito pouca luz artificial. O filme é reforçado ainda por atuações perfeitas de todo o elenco, pela precisa direção de arte e pela montagem – a maravilhosa seqüência final do filme ressalta todos esses elementos numa belíssima cena que leva Hermila ao seu futuro e nos deixa com uma sensação de melancolia imensa. Ainda pensando no filme em conjunto com Madame Satã, O Céu de Suely compartilha com o filme anterior de Ainouz a sensação de esperança sufocada e o fato de girar em torno de um personagem controverso, mas fincando-se fortemente num núcleo familiar fora dos padrões. É muito interessante a forma como Ainouz reformula a macro-estrutura do filme para criar uma obra absolutamente original.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Pedro Almodóvar e Ricardo Elias

VOLVER

Pedro Almodóvar é um cineasta incrível, que não cessa de nos surpreender a cada novo filme. Seu último, Volver, é uma obra-prima, uma louvação ao feminino e ao universo das mulheres, mães, avós, sobrinhas, tias, amigas, calejadas por seus homens e pela passagem do tempo. Em Volver, as mulheres são o foco, centro e alma, pivôs de um universo familiar desprovido de figuras masculinas – o único que aparece em cena de fato é logo no início descartado por uma situação que ligará inevitavelmente mãe e filha. Se a estratégia de tirar os homens da jogada parece por vezes forçada, a sensibilidade com que Almodóvar retrata suas mulheres é suficiente para manter verossímil e forte a trama que se desenrola ao longo do filme.

A história começa em um cemitério, povoado por mulheres que limpam as covas dos seus maridos. A cidade é em La Mancha, região de origem do cineasta. Somos rapidamente apresentados às personagens que acompanharemos: a reboculosa Raimunda (Penélope Cruz), sua irmã Sole (Lola Dueñas) e sua filha Paula (Yohana Cobo), que ajeitam o túmulo dos pais, mortos num incêndio. Visitam a amiga Augustina (Blanca Portillo), que fuma maconha e lembra da mãe desaparecida (“a única hippie do vilarejo”, lembra com carinho), e a tia Paula (Chus Lampreave), que diz viver ajudada pela falecida mãe de ambas, Irene. A partir desse núcleo familiar, acompanhamos uma tragédia que marcará duas das personagens e dará início à trama, marcada pela volta de Irene (Carmen Maura, excelente), cujo “fantasma” aparece para ajudar Raimunda, com quem nunca se deu bem, utilizando a tímida Sole como ponte de reaproximação.

Assim, Almodóvar faz um exercício de melodrama, se apropriando dos códigos do gênero de forma muito particular, para, ao mesmo tempo subverter e reafirmar o cânone. Para isso, insere na história uma situação sobrenatural, (que vai revelar muito mais que isso ao final do filme), trabalhando sem dificuldade o cômico e o trágico, com uma naturalidade impressionante, num exercício primoroso de cinema.

Por fim, impossível não falar das atrizes. Cruz está impecável como uma mulher do povo, impulsiva, forte e sexy, numa interpretação digna de Sophia Lorren (como foi classificado pelo próprio cineasta), diva total. O melhor papel de sua carreira. Carmen Maura, voltando a trabalhar com Almodóvar, é engraçada e expressiva, uma atriz no auge da sua forma. Volver é trabalho de mestre, que nos fará pensar ainda muito nos próximos anos e quando poderemos ver o trabalho recente de Almodóvar em conjunto – para mim, o maior cineasta em atuação no cinema hoje.

OS 12 TRABALHOS

Três anos depois do seu longa de estréia, De Passagem, Ricardo Elias volta à periferia de São Paulo, novamente para observar as andanças de um jovem de classe baixa pelas ruas da metrópole. Realizado com muita eficiência, o filme acompanha a jornada de Heracles, (o ótimo Sidney Santiago), um jovem negro, recém saído da Febem, que tenta conseguir um emprego de motoboy, a partir da indicação do primo Jonas (Flavio Bauraqui). Para conseguir o trabalho, Heracles tem que completar 12 trabalhos, numa releitura urbana do mito de Hércules. Pelo seu caminho enfrenta funcionários públicos, recepcionistas, seguranças, outros motoboys e até um gato.

Os 12 Trabalhos apóia-se na força do seu protagonista e na excelente atuação de Santiago, que se destaca dos demais colegas de elenco assim como o garoto que interpreta se sobressai dos outros motoboys. Heracles é sensível, gosta de desenhar e de fantasiar sobre as pessoas com que cruza, como um oráculo. Aparentemente frágil, calado e sempre de semblante sério, o jovem enfrenta a injustiça, a violência, a intolerância e as tentações para completar sua tarefa. Tenta enxergar poesia nas coisas banais do dia em São Paulo, mas é atropelado pela realidade da metrópole. Recheando o filme de referências não só à mitologia grega, mas também ao cinema (Taxi Driver e Os Incompreendidos são as mais explicitas e dotadas de relações com o conteúdo da narrativa), Elias realiza um filme bastante interessante e preciso, de cinematografia simples e bela. Sua câmera está sempre próxima ao protagonista – toda a ação acontece sob seu ponto de vista e o acompanha ao longo do dia. Vamos ficar de olho na carreira do filme e do cineasta.

O retorno de Kevin Smith

CLERKS II - O BALCONISTA 2

Há quem não goste, mas é difícil não admirar um cineasta que se agarra às suas convicções (ou raízes, por falta de um termo melhor) como Kevin Smith. Mantendo-se na contramão do comercial, Smith se mantém fiel às suas referências originais, à sua cidade natal Nova Jersey e ao universo de personagens (e atores) desenvolvidos ao longo de sua carreira. É exatamente isso que ele faz em Clerks II, seqüência do seu primeiro longa, que acompanhava um dia na vida de dois balconistas de Nova Jersey. Filmando no quintal de casa, Smith volta ao subúrbio da cidade para acompanhar, mais uma vez, a jornada de Dante (Brian O´Halloran) e Randal (Jeff Anderson). Depois que a loja de conveniência em que trabalhavam, o Quick Stop, é destruída num incêndio, os dois buscam novos horizontes mas acabam trabalhando numa lanchonete de uma rede de fast food fictícia, a Mooby´s.

Nada de novidade aqui. Os dois continuam discutindo sexo e fazendo piadas com referências à cultura pop norte-americana, enquanto Jay e Silent Bob vendem drogas na porta do estabelecimento. A diferença é que dessa vez os personagens estão ficando velhos, passando dos trinta, o que faz com que suas faltas de perspectivas ou de eterna vontade de mudar de vida sem de fato sair do lugar (no caso especifico de Dante) se torne um tanto deprimente. Se a intenção do filme fosse apenas fazer piada com os seus protagonistas não haveria grandes problemas, a bronca é quando Smith tenta explorar significações maiores por trás da falta de perspectiva da dupla, sobretudo significações de cunho filosófico sobre a amizade e o amor, por exemplo. Algumas tiradas são sim muito engraçadas, algumas outras são apenas grotescas, mas nenhuma é suficiente para sustentar o filme como algo mais do que um mero passatempo. Resta a impressão de que Smith e seus amigos que passeiam pelo filme (como Ben Affleck e Jason Lee em participações especiais) se divertiram muito mais fazendo o filme do que nós assistindo.

Palma de Ouro decepciona

THE WIND THAT SHAKES THE BARLEY

Recebido no Festival do Rio com muita expectativa por conta da Palma de Ouro que recebeu no último festival de Cannes, The Wind That Shakes the Barley se revelou uma pequena decepção. Pequena, porque o filme não é necessariamente ruim: é uma interessante história de guerra, travada por homens comuns forçados a se renderem às armas por conta da opressão de um invasor. O problema é que o filme não é realmente muito mais que isso, mostrando-se, inclusive, uma sombra de trabalhos anteriores do seu diretor, Ken Loach, sendo Terra e Liberdade o exemplo mais claro que vem à mente. Com uma preocupação exageradamente didática (os personagens sempre param para “discutir” as investidas com milhares de explicações), o filme se perde por vezes na verborragia, permeada por cenas de violência um tanto extrema e deslocadas. Salvam-se boas interpretações dos atores, em especial Cillian Murphy, lindo e expressivo.

Sessões lotadas, Almodóvar brilha

Primeiro final de semana do Festival do Rio 2006 e as projeções vão a pleno vapor. Impossível conseguir ingresso para qualquer sessão nas salas do Espaço Unibanco e Estação Botafogo, pólos principais da programação do festival (não havia ingresso nem para títulos aparentemente sem muito interesse como os canadenses A Ruptura ou o C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor, esse último a ser lançado no Brasil nos próximos meses). A salvação foi recorrer às salas maiores como o Odeon, o Estação Paissandu e o Cine Palácio, esse último colocado em destaque esse ano como novo palco da Première Brasil.

O grande filme visto no final de semana foi Volver, de Pedro Almodóvar, um deleite de cinema. Visto em sessão lotada no Odeon (assisti sentada no chão do balcão, depois de muito insistir com a coordenadora do cinema para entrar na sala). A decepção ficou por conta de The Wind That Shakes the Barley, ganhador da Palma de Ouro no último festival de Cannes.

sábado, setembro 23, 2006

Festival do Rio: 300 filmes em duas semanas

Maiores expectativas

O Festival do Rio 2006 dá início às suas atividades nessa sexta-feira (22/09) e o Kinemail se prepara para mais uma cobertura do evento, que é, ao lado da Mostra de São Paulo, a maior vitrine para o cinema internacional no Brasil.

Como todos os anos, com perdão do clichê, o Festival promove uma maratona de duas semanas, com mais de 300 filmes exibidos em cinemas espalhados por todo Rio de Janeiro. Dar conta de tamanha programação é atividade árdua, a começar pela seleção do que assistir. Existem as referências de outros festivais (esse ano, o Festival do Rio traz praticamente toda a mostra competitiva de Cannes 2006) e da crítica internacional, mas nada que possibilite um guia real do que espera o cinéfilo nos cinemas cariocas.

Entre os filmes mais esperados, estão sim os que fizeram parte das seleções dos principais festivais internacionais. De Cannes, temos 16 dos vinte filmes da mostra competitiva, entre eles o ganhador da Palma de Ouro The Wind That Shakes the Barley (já com distribuição garantida para o Brasil). De Veneza 2006, serão exibidos filmes com grande repercussão de crítica, como A Rainha, novo trabalho de Stephen Frears, com e A Estrela que Não É, de Gianni Amélio (As Chaves de Casa). De Berlim, A Última Noite (Robert Altman) e A Promessa (Chen Kaige), enter outros.

Voltando a dar ênfase à mostra retrospectiva de um cineasta, o Festival do Rio promove uma seleção de filmes de Luchino Visconti, exatamente no ano de centenário de nascimento do italiano. Na seleção, títulos inesquecíveis como Rocco e Seus Irmãos e Morte em Veneza, e filmes sem cópia no Brasil, como Vagas Estrelas da Ursa, Sedução da Carne e Violência e Paixão. Exibidos no Odeon, farão a festa dos cinéfilos.

Também entre as atrações cult, teremos uma mostra de Ficção Científica mexicana das décadas de 50 e 60, filmes povoados por múmias astecas e lutadores de luta livre travestidos de heróis intergaláticos.

Entre as maiores expectativas:

- The Host – exibido no último festival de Cannes, sobre família que combate um monstro do lado, promete representar bem as trangressões de gênero do novo cinema coreano.
- O Céu de Suely – novo e aguardado filme de Karin Aïnouz
- Dalia Negra – Brian de Palma seguindo nova onde de filmes noir nos Estados Unidos.
- A Scanner Darkly – de Richar Linklater, também no festival com Fastfood Nation.
- O Crocodilo (Il Caimano) – a cruzada de Nanni Morreti contra Silvio Berlusconi. Primeiro filme do italiano depois de O Quarto do Filho.
- El Laberinto Del Fauno – incursões no fantástico do deveres interessante español Guillermo Del Toro
- Flandres – de Bruno Dumont (A Humanidade)
- Volver – Almodóvar sempre entre as maiores expectativas.
- A Comédia do Poder – de Claude Chabrol
- A Última Noite – de Robert Altman
- Juventude em Marcha – de Pedro Costa.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Blog do Kinemail

Notícia diretamente do Fest Rio 2006 e da Mostra SP 2006.
Aguardem!