
MUNDO NOVO
Dirigido pelo italiano Emanuele Crialese (do excelente Respiro), Mundo Novo (Nuovomondo, 2006) foi uma das primeiras grandes surpresas desse Festival do Rio. Apesar de ter ganho o Leão de Prata de revelação no Festival de Veneza 2006, o filme chegou ao Rio meio na surdina, sem chamar muita atenção (assisti numa sessão no imenso Cine Palácio, praticamente vazio). Uma injustiça para o belo filme de Crialese, que acompanha a trajetória de Salvatore Mancuso, um siciliano que parte com a família rumo ao Novo Mundo, a América, no início do século passado. Para Mancuso, a terra a ser desbravada representa um sonho com recursos em abundância e prosperidade, recompensas que o esperariam ao final do caminho. Na imaginação do protagonista, a nova terra tem rios de leite, vegetais gigantes e árvores de dinheiro.
A viagem significa não apenas uma mudança de vida mas de paradigmas para a família siciliana, representantes do “mundo antigo”, como explica a matriarca. São homens que trazem superstições e hábitos que não terão lugar na terra de chegada, onde são valorizados homens com capacidade produtiva física e intelectual, características que serão atestadas no momento da chegada, não com pouca humilhação. História que pertence a um passado recente e que se repete nos dias de hoje, o que torna o filme deveras moderno. Assim, Criasele recupera a estrada percorrida por milhares de italianos que imigraram para o novo continente no início do século passado, numa viagem mostrada por meio de imagens impressionantes, filmadas com muita originalidade. Cenas como a saída da embarcação do porto, vista de cima, ou as seqüências do navio jogando com mares de corpos sendo arremessados de um lado para o outro são extremamente impactantes. O trunfo de Crialese é explorar com eficiência e criatividade instrumentos básicos de cinema, como construção de plano, uso de câmera lenta, som e montagem.
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