quarta-feira, novembro 03, 2010

Eletrizante saga biográfica


Nem a absurda duração de 5 horas e meia, nem o descaso da projeção incorreta - que fez o formato largo original passar em tela estreita (como os faroestes que passam na TV com a imagem espremida) apesar de muitas reclamações durante dois rápidos intervalos - conseguiram tirar o brilho e o prazer em acompanhar a eletrizante minissérie CARLOS, do francês Olivier Assayas (Clean, Horas de Verão), um dos melhores cineastas atuais. Numa narrativa veloz que lembra O Grupo Baader-Meinhof, somos jogados logo de cara num turbilhão histórico de 1974 (que vai até 1994), a trajetória do mito terrorista Carlos, conhecido como O Chacal. Com atuação competente de Edgar Ramirez e todo um elenco internacional, o filme equilibra-se entre o registro dos fatos históricos e a intimidade pessoal (informada como ficção) do personagem, conhecido como um homem vaidoso, nascisista, mulherengo e carismático. O filme registra de forma clara e didática como o poder do indivíduo que idealizava uma revolução foi tragado pela História, no processo de globalização que diluiu a imagem romântica do terrorista, e transformou Carlos numa vítima de sua própria ambição. Quem diria que uma das grandes atrações dessa Mostra seria um filme feito para a TV?

CARLOS
de Olivier Assayas França/Alemanha 2010
Visto em 30/10 no Artplex 2
Por Fernando Vasconcelos
Cotação: ÓTIMO

2 comentários:

zgr disse...

5 horas e meia?! depois de dionisiacas no teatro, carlos no cinema, que show musical irá aderir a esta nova tendencia!?:P

Fernando Vasconcelos disse...

Olá, na verdade CARLOS é uma minissérie de TV, exibida em 6 capítulos. Aqui na Mostra passou na íntegra, com dois intervalos de 10 minutos, totalizando uma sessão de quase 6 horas de duração (!), algo como assistir uma temporada de telessérie de uma vez só (o que muita gente faz em casa, aliás eh eh). Mas o filme é tão 'cinema' que, como você pode ver no cartaz, está escrito 'um filme de Olivier Assayas'. E que filmaço! :)