quinta-feira, novembro 04, 2010

Palma de Ouro é fantasia tailandesa sobre karma


TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS, de Apichatpong Weerasethakul, é um filme misterioso. O cinema hipnótico do tailandês adentra o universo da fantasia nesse seu novo longa, vencedor da Palma de Ouro 2010. O Tio Boonmee do título é um senhor que sofre de insufuciência renal e que decide passar seus últimos dias numa casa na floresta junto com seu familiares. Durante um jantar, sua falecida mulher volta como uma fantasma, enquanto seu desaparecido filho retorna sob uma forma não-humana e amendrontadora. Durante o período, relembra suas vidas passadas e segue para o seu destino. Antes de qualquer coisa, TIO BOONMEE... é esteticamente primoroso. Apichatpong desenha imagens enigmáticas e surreais, como a priemira aparição do macaco-fantasma e a sequência com um bagre no rio. Fui tomado por uma agradável sensação de nostalgia ao assistir tais cenas, como se as figuras e lugares que permeiam o filme fizessem parte de um folclore pessoal de minha infância (ou vidas passadas?) mesmo eu nunca tendo escutado nada sobre eles, e isso é o que tornou a experiência tão fascinante. Ainda assim, senti que vários significados dessa história pareciam estar fechados a quem é mais entendido de conceitos religiosos e metafísicos do oriente. Apesar de tratar de temas como karma e a efemeridade do tempo, TIO BOONMEE... deixa a impressão de se encaixar melhor em outros contextos. Apesar de ter gostado menos que o único outro filme do Apichatpong 'Joe' Weerasethakul que assisti, o maravilhoso Síndromes e um Século, exibido na Mostra SP 2006, TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS impressionou.

TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS
de Apichatpong Weerasethakul Tailândia 2010
Visto em 30/10 no Arteplex 1
Por Filipe Marcena
Cotação: BOM

P.S. Fernando Vasconcelos: Assisti TIO BOONMEE... numa sessão lotada, começando a sessão em pé no corredor, onde conferi a estranha e inesquecível sequência do tranquilo jantar familiar com a presença da esposa morta e do filho macaco-fantasma. Depois desse início, consegui uma poltrona entre duas senhoras que já dormiam profundamente. Depois de quase 8 horas dentro do cinema (Em um Mundo Melhor e Carlos), tão tive saída: caí também no mais profundo sono e só acordei na sequência final. Uma pena, mas essas coisas acontecem em maratonas cinéfilas. Espero ter a chance de conseguir ingresso numa possível sessão reprise da semana pós-Mostra e, de fato, assistir a tão comentada Palma de Ouro em Cannes 2010.

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