sexta-feira, novembro 12, 2010

Um filme insuportável, um final catártico


Durante toda a projeção de MINHA FELICIDADE, o espectador inevitavelmente se questiona a que ou a quem diabos o título se refere. Nas mais de duas horas de duração assistimos a Gergy, um pacato caminhoneiro, sofrer constantes guinadas e interferências de terceiros em sua vida, seguindo numa inércia sem ao menos lutar contra os adventos que vêm ao seu encontro. Numa narrativa contemplativa torturante, não pela lentidão, mas pelo que se passa em suas imagens, MINHA FELICIDADE aos poucos esgota o espectador ao observar Georgy passar pelas mãos de personagens como uma jovem prostituta, um velho sem nome, ladrões de caminhão, policiais corruptos e uma inesperada nova família numa Rússia hostil e violenta. Como cinema o filme é um primor, o diretor e roteirista Sergei Loznitsa realiza pequenos milagres em cena (o corte de uma cena violenta passada no verão para outra passada no inverno no mesmo plano é genial). É o que segura a audiência até o fim do filme, onde antigos personagens retornam e, nos segundos finais, a catarse é próxima da que acontece ao fim de À Prova de Morte, de Tarantino, e Loznitsa se faz entender. Uma das surpresas da 34ª Mostra.

MINHA FELICIDADE
de Sergei Loznitsa Ucrânia 2010
Visto em 31/10 na Reserva Cultural
por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM

Um comentário:

Anônimo disse...

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