terça-feira, outubro 28, 2008

MOSTRA SP | Meu Winnipeg


O canadense Guy Maddin já é figurinha carimbada na Mostra SP. Todo ano tem filmes dele, que nunca são comprados para o Brasil, experimentais demais para o circuito comercial mas perfeitos para exibição em festivais. Ano passado foi muito falado o Brand upon the Brain! em sessão evento multimídia com música e narração ao vivo por Marília Gabriela em sessão concorrida.

My Winnipeg é a nova travessura cinematográfica de Guy Maddin, que faz um cinema muito particular, quase sempre em preto e branco, evocando/mimetizando o cinema mudo, com um toque meio gay, como cenas de vestiário masculino ou rapazes de maiô anos 20 etc. quase tudo produzido atualmente, num cuidadoso trabalho de direção de arte e figurinos, tudo manipulado no próprio celulóide e na sala de montagem, um trabalho muito bacana.

Dessa vez, o fio narrativo é um homem deixando sua cidade de trem, dormindo e sonhando com memórias de sua família, sua infância e adolescência, num pseudo-documentário pessoal. O formato é de uma overdose de imagens e sons retrô, com narrativa em off dramática e contínua, que funciona bem nos vários curtas de Maddin, mas em formato de longa (80 minutos) fica um pouco cansativo. Ainda assim, é uma experiência curiosa. Vale conhecer o cinema de Maddin, que tem obviamente muitas referências ao cinema mudo, mas também algo de David Lynch e outros cineastas modernos que investem num cinema mais sensorial, orgânico. Na bizarra cena da FOTO acima, casais namoram num parque cheio de cabeças de cavalo, que afogaram-se tentando atravessar um rio no inverno. Você pode não gostar do filme como um todo, mas numa maratona decentenas de filmes, com certeza essa é uma imagem que fica na memória.

Cotação: bom
Fernando Vasconcelos

Obs. Abrindo a sessão, com presença do produtor de Guy Maddin na sala, vimos também um curta comentado de Isabella Rosellini, Pornô Verde, onde ela, vestida com bizarras roupas de mosca, aranha, minhoca etc. mostra didaticamente como transam esses pequenos animais. Na verdade um negócio meio blefe, já que não é um curta e sim uma compilação de spots de poucos minutos, concebidos para veicular no YouTube, em celulares etc, como bem explicou o produtor do filme, formatos onde as pessoas assistem muita pornografia. Uma boa idéia, mas, repito, lançado na Mostra como 'um curta de Isabella Rosellini', achei uma tremenda enganação eh, eh

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