segunda-feira, outubro 26, 2009

Um filme de Heath Ledger e amigos


Terry Gilliam, ex-integrante do Monty Python, seguiu uma carreira brilhante como diretor de cinema, sempre com filmes caóticos e rejeitados por parte do público e da crítica. Ele pouco se importa. Seus filmes, muitas vezes caríssimos, nunca renderam grandes bilheterias, como os fracassos Brazil, As Aventuras do Barão de Munchausen e Os Irmãos Grimm. Agora, depois do naufrágio de Contraponto, ele retorna com o mágico e desbocado O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS, fantasia que só Gilliam poderia realizar. Com seu estilo visualmente rico e narrativamente bagunçado, o diretor celebra a imaginação e o ato de narrar histórias através de um grupo de teatro mambembe liderado pelo Doutor Parnassus (Chistopher Plummer) e composto pelo jovem Anton (Andrew Garfield), pelo anão Percy (Verne Troyer) e pela filha do Doutor, Valentina (Lily Cole). Após uma apresentação fracassada, eles encontram um homem enforcado embaixo da ponte. O homem é Tony (Heath Ledger, em sua última e "incompleta" performance), desmemoriado e cheio de mistérios que, aos poucos, conquista o coração de Valentina. No meio da salada, o Doutor Parnassus ainda deve pagar uma dívida ao Senhor Nick (Tom Waits), a encarnação do diabo. Gilliam faz aqui um dos filmes mais criativos, divertidos e politicamente incorretos de sua carreira, sempre aproveitando para alfinetar o cristianismo, o consumismo e o moralismo, com muito bom humor. O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS conta com excelente design de produção, com muitas tomadas em locação e efeitos artesanais, utilizando CGI apenas quando necessário. E, claro, também conta com um ótimo elenco. Christopher Plummer e Tom Waits se divertem à beça como personagens antagônicos e Andrew Garfield e a bela Lily Cole revelam-se atores promissores, enquanto o sempre hilário Verne Troyer quase rouba a cena. Mas quando se fala em O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS, tem que se falar de Heath Ledger. Com perfeito timing cômico e ótimos improvisos, ele aparece em 50% do filme, as únicas cenas não realizadas por ele são as que se passam dentro do espelho e que envolvem efeitos digitais. Para completar as lacunas, foram convocados Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, cada um com uma seqüência do filme. É impossível não perceber a forma que o roteiro tentou driblar o incidente, e as caras famosas sempre tiram a atenção do filme quando aparecem, mas não deixa de ser uma bela homenagem ao falecido ator australiano.

Por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
Visto em 25/10 no Espaço Unibanco Pompéia

Um comentário:

Heber Costa disse...

Esse, sim, deu muita vontade de ver!