sábado, outubro 31, 2009

O tempo de Angelopoulos


Nunca tinha assistido a um filme do Theo Angelopoulos. Logo aproveitei a Retrospectiva do diretor na Mostra 2009 para assistir alguma obra do grego. Acabei pegando uma sessão especialíssima de seu mais recente filme, TRILOGIA II: A POEIRA DO TEMPO, que contou com a presença do homenageado. Simpático, ele recebeu um prêmio pelo cojunto de sua obra das mãos de um emocionado Leon Cakoff e nos introduziu ao filme. A POEIRA DO TEMPO desdobra-se em vários locais, línguas e tempos para contar uma fragmentada história de um cineasta americano de descendência grega (Willem Dafoe) que retorna a Roma em 1999 para concluir um filme interrompido anos atrás. O filme é sobre sua mãe Eleni (Irene Jacob), que atravessou vários momentos importantes da história mundial na segunda metade do século XX, e sobre seu romance com Spyros (Michel Piccoli), homem que sempre amou. O longa move-se num ritmo de lembranças, sonhos que se misturam e se confundem filmados com incrível rigor estético por Angelopoulos através de longos e elaborados planos-sequências, quase teatrais. É um cinema hipnótico, enigmático e complexo em seus significados. Angelopoulos é acusado de ser quadrado, e seus filmes recentes são hoje considerado por muitos como velhos e formalistas, o que não acho uma completa inverdade. Mas tendo em vista A POEIRA DO TEMPO, oras, seu cinema ainda é muito interessante.

Curiosidade: numa cena onde o personagem de Wilem Dafoe encontra no chão a imagem de um anjo pegando uma terceira asa (veja no cartaz acima), toca Lascia ch'io pianga' from 'Rinaldo de Handel, mesma música que inicia em encerra Anticristo, estrelado por Dafoe.

Por Filipe Marcena
Cotação: MUITO BOM
Visto em 27/10 no Cine Bombril

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