Sexta, 19 - SYMPATHY FOR THE DEVIL, Fra/Ing 1968
Pese a favor que eu sou fã da fase áurea dos Rolling Stones (digo de 1966 até 1972). Pese contra que eu não sou muito chegado ao cinema de Jean-Luc Godard. Peso final: Sympathy for the Devil é uma pequena obra-prima. Realizado em 1968 no furação das revoluções que acreditavam que o homem poderia evoluir, muitos consideram-no filme datado. Pelo contrário, acredito que o filme é algo absolutamente moderno, parecendo novinho em folha ainda pela cópia nova, límpida, apesar do som original nada Dolby Stereo. Longe de ser um documentário, ou documentário musical, o filme é puro Godard, um experimento artístico politizado que tenta entender o mundo através de uma canção, sem a menor idéia que esta seria eternizada, para futuras gerações, como uma das mais emblemáticas canções da história do rock. A única música que toca no filme, aliás, é Sympathy for the Devil, em várias sessões de ensaio e gravação em estúdio. Nem é um filme 'sobre os Rolling Stones'. Godard entrecorta a narrativa com esquetes visuais/teatrais que mostram atores declamando manifestos dos Panteras Negras num cemitério de automóveis; uma garota senso 'entrevistada' sobre feminismo, drogas, amor livre, por uma equipe de cinema num passeio por uma floresta; uma artista pichando lojas, automóveis e muros; e, o mais estranho de todos, o dono de uma livraria lendo trechos do Mein Kampf para seus clientes, enquanto vemos um mar de informação visual pop industrial em capas de livros, revistas, quadrinhos, pulp fiction e posters dos anos 60. Para fãs dos Stones, curioso já perceber o isolamento do líder criativo da banda Brian Jones no estúdio (um ano antes de ser encontrado morto na piscina de sua mansão) e a parceria Jagger & Richards já tomando o primeiro plano. Encerrando com um emocionante plano de grua numa praia com atores e, enfim, a gravação definitiva de Sympathy for the Devil, só sei que eu e mais uns poucos aplaudimos a sessão. Viva Godard!
Cotação: muito bom
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