segunda-feira, novembro 13, 2006

Antonia tem periferia pop


Sábado, 28 - ANTONIA

Já bastante divulgado em formato de seriado de TV, Antonia, o filme, está previsto para estrear só em 2007. Provavelmente a estratégia comercial é popularizar os personagens (quatro garotas pobres, da periferia paulista) e levar o público a ver um material inédito final nos cinemas. Bem, tem tudo pra funcionar. Antonia adota a fórmula Cidade de Deus de 'vejam, brancos que vão ao cinema do multiplex, como a periferia é pop!' e funciona, independente de você aprovar ou não o formato publicitário chique com câmera na mão. Como já divulgado na TV, o filme conta a história de quatro garotas negras (ótimas atrizes novatas) que moram na Vila Brasilândia, periferia de São Paulo, e lutam pelo sonho de formar um grupo musical, o Antonia do título, e (sobre)viver da sua arte.

Elas deixam de ser backing vocals de um grupo de rap masculino e formam sua própria banda. O sucesso local, com música própria e identidade com o público de periferia, é imediato no início, mas o dinheiro não vem. Elas precisarão da ajuda de um 'empresário', o mala sonhador Marcelo Diamante (DJ Thaíde, engraçado), submetendo-se a cantar em bares de branco mané classe média em São Paulo, onde trocam sua música por covers de Killing me Softly e sucessos de Lulu Santos, em troca de um cachê mísero mas regular, certo. Enquanto vão tentando firmar-se, a dura vida de pobreza na periferia vai separando as meninas, de prisão a gravidez e outras fatalidades que fazem parte do cotidiano da periferia mais pobre.

Dirigido com agilidade por Tata Amaral (Um Céu de Estrelas e Através da Janela) e produzido com eficiência por Fernando Meirelles, Antonia diverte, emociona e cumpre bem a proposta de cinema-entretenimento focado nas parcelas da sociedade brasileira que não vão ao cinema. Em algum lugar, fica um incômodo de esperar algo de mais contundente e forte emocionalmente, mas talvez seja uma cobrança equivocada da minha parte, de achar que não combina ver pobreza maquiada pra ser consumida com pipoca e coca-cola, aquela questão do filme Cidade de Deus ter despertado tanta discussão por embelezar e 'popficar' a miséria do Brasil e deixar a humanidade real dos personagens em segundo plano. Antonia é um filme legal. Ponto.

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