Woody Allen, em pleno processo produtivo, chega ao seu quarto filme feito fora dos EUA, depois da 'trilogia' realizada na Inglaterra (Ponto Final, O Grande Furo e O Sonho de Cassandra). Dessa vez, ele filma na Espanha, que está no título do filme (Barcelona). Os outros dois nomes Vicky e Cristina são duas garotas norte-americanas lindas, em férias européias. Cristina é a deliciosa nova musa loira de Allen, Scarlett Johansson, e Vicky é a pouco conhecida Rebecca Hall, típico caso de mais uma atriz descoberta por Allen para o grande público. Quer dizer, nem tão grande assim. Cada vez mais, o cinema de Allen, mesmo popular, parece restrito a um pequeno número de espectadores fiéis e será sempre rotulado como 'cinema de arte', por mais populares, digestivas e até esquecíveis que sejam as novas comédias e dramas desse nova-iorquino. No caso de Vicky Cristina Barcelona, vale notar que Allen ataca com erotismocaliente, no já tão comentado beijo na boca entre Scarlett Johansson e Penelope Cruz.
Cineasta camaleônico que sempre foi (lembra da sua fase Bergman?), é possível perceber aqui a deliciosa influência do francês Eric Rohmer, no ritmo natural em que as coisas acontecem, com a relação tempo e espaço correndo solta na tela, num roteiro leve como uma pluma e, claro, algo de Pedro Almodovar. A incomodar apenas a utilização de um narrador externo (voz de Christopher Evan Welch) que comenta algumas passagens com o tipo de observações que o espectador já percebeu, numa redundância narrativa em que parece que Allen não acredita na inteligência da platéia. Bem, ao certo ele não acredita na inteligência do espectador médio ianque, e uma das melhores piadas do filme acontece quando entram em cena Javier Bardem e Penelope Cruz. Ao conversarem com Scarlett Johansson, Bardem sempre pede a Penelope: 'Speak in english!' Hilário. A abordagem da sexualidade é bem européia, incluindo transas a três sem culpa, ou pelo menos com tanta culpa quanto adultérios, já banais am filmes de Allen.
Woody Allen adapta-se perfeitamente às cores quentes espanholas, nem precisa dizer que o filme é lindo de ver. Não é um Allen essencial, é apenas mais um exercício de cinema desse senhor que transparece um enorme prazer em filmar e, velhinho safado, dessa vez ele botou pra quebrar na sexualidade, explorando saudavelmente a beleza e carisma do trio romântico central.
Cotação: Bom
Fernando Vasconcelos
Cineasta camaleônico que sempre foi (lembra da sua fase Bergman?), é possível perceber aqui a deliciosa influência do francês Eric Rohmer, no ritmo natural em que as coisas acontecem, com a relação tempo e espaço correndo solta na tela, num roteiro leve como uma pluma e, claro, algo de Pedro Almodovar. A incomodar apenas a utilização de um narrador externo (voz de Christopher Evan Welch) que comenta algumas passagens com o tipo de observações que o espectador já percebeu, numa redundância narrativa em que parece que Allen não acredita na inteligência da platéia. Bem, ao certo ele não acredita na inteligência do espectador médio ianque, e uma das melhores piadas do filme acontece quando entram em cena Javier Bardem e Penelope Cruz. Ao conversarem com Scarlett Johansson, Bardem sempre pede a Penelope: 'Speak in english!' Hilário. A abordagem da sexualidade é bem européia, incluindo transas a três sem culpa, ou pelo menos com tanta culpa quanto adultérios, já banais am filmes de Allen.
Woody Allen adapta-se perfeitamente às cores quentes espanholas, nem precisa dizer que o filme é lindo de ver. Não é um Allen essencial, é apenas mais um exercício de cinema desse senhor que transparece um enorme prazer em filmar e, velhinho safado, dessa vez ele botou pra quebrar na sexualidade, explorando saudavelmente a beleza e carisma do trio romântico central.
Cotação: Bom
Fernando Vasconcelos